Não raramente a fala é um dos parâmetros avaliados para  saber se as intervenções e  a correção cirúrgica da fissura lábio palatina estão trazendo resultados positivos. Há ainda de se considerar, que a  literatura médica apresenta que mesmo em casos fissura de palato sem a presença de síndromes, como a Síndrome de Apert, ou ainda que sejam atendidas em tempo e submetidas a cirurgia corretiva antes dos 18 meses de idade, as crianças com fissuras labiopalatinas  podem ter distúrbios na produção da fala.

A hipernasalidade, por sua vez, é a principal disfunção velofaríngea, que provoca alterações na fala presente em pacientes diagnosticados com  o quadro de fissura labiopalatina.

Explicando a hipernasalidade em crianças com fissura de palato e lábio

Quando os sons orais são nasalizados e os sons nasais têm sua nasalidade ainda mais aumentada, dizemos que há a hipernasalidade.  Este fenômeno decorre da comunicação entre a cavidade oral e a parte nasal da faringe justamente pela disfunção no fechamento velofaríngeo.

Lembrando que:

As vogais “a”, “ê”, “é”, “i”, “ô”, “ó” e “u”, são as pronunciadas completamente por meio da cavidade oral, por isso recebem o nome de vogais orais.

Já na pronúncia das vogais nasais, o ar vibrante passa pela cavidade da boca e do nariz, como por exemplo, em palavras com o som do acento til: romã, irmão, maçã, etc;  Ou quando as letras “m” e “n” fecham uma sílaba: planta, canta, manta; e no ditongo “ui” da palavra muito.

Afinal, o que é uma disfunção velofaríngea?

O esfíncter velofaríngeo, que compreende o palato mole, as paredes laterais e a parede posterior da faringe, região formada por músculos e tecidos membranosos, é que determina o fluxo de ar entre as cavidades orais e nasais.

Se falta tecido para o fechamento velofaríngeo,  ocasião chamada de “Insuficiência velofaríngea”, há uma disfunção velofaríngea em que há alteração na ressonância da fala. Geralmente, a insuficiência velofaríngea ocorre devido à fissura de palato, fissura submucosa de palato, insuficiência de tecido residual após uma cirurgia de palato, traumas ou palato curto, causado por defeitos congênitos ou após cirurgias de remoção de tumores.

Se, apesar da presença do tecido, há disfunção da região, chamamos o quadro de “incompetência velofaríngea”, que por vezes, ocorre por problemas como: paralisia facial,  traumatismo craniano, doenças degenerativas no sistema nervoso, etc.

Acompanhamento por especialista é indispensável

É de suma importância que as crianças com fissura de palato passem no fonoaudiológico desde muito pequenininhas, antes mesmo da cirurgias, e continuem o acompanhamento com este profissional mesmo após as intervenções. 

Ressalta-se ainda que o suporte de um fonoaudiólogo, especialista em fissuras labiopalatinas,  tende a trazer ainda mais ganhos para o paciente.