Cirurgia para reabilitar pacientes com lábio leporino: como é o pós operatório?

Quando uma criança nasce com fendas faciais, sejam elas palatinas ou nos lábios, é necessário recorrer ao procedimento cirúrgico o quanto antes. Isso porque, essas fissuras podem prejudicar outras funções do paciente ao decorrer do tempo, como a fala.

Vale lembrar que estas anomalias congênitas são comuns, o lábio leporino, por exemplo, acomete um bebê a cada 650 nascimentos no país. Ou seja, apesar de parecerem raras, não são.

Com essa recorrência, os conhecimentos e tecnologias no tratamento dessas deformidades cresceram bastante ao longo dos anos.

Para melhores resultados, o diagnóstico e os procedimentos reparadores devem ser feitos ainda nos primeiros meses de vida da criança. Antes de entender sobre o tratamento é preciso saber o que são essas fissuras e como elas se formam.

Isso porque os procedimentos e recomendações são diferentes de acordo com o tipo de fenda, localização, gravidade do caso e tamanho das aberturas. É um tema delicado e complexo e por isso, explicaremos todas essas questões a seguir detalhadamente.

O que preocupa muitos pais de bebês fissurados é o pós operatório. Como veremos a seguir, os procedimentos começam ainda nos primeiros meses de vida das crianças. Desta forma, uma dúvida comum é: como esses pacientes tão pequenos vão se recuperar?

Quais cuidados seguir, se é ou não um processo doloroso, orientações e como amamentar uma criança que passou por essas cirurgias reparadoras, são algumas das questões que responderemos ao longo deste conteúdo.

O que são fissuras labiopalatinas?

São aberturas nos lábios e/ou palato, conhecido popularmente como céu da boca. Tanto o lábio leporino como a fissura palatina são malformações que acometem o bebê na gravidez. 

Ou seja, são deformidades congênitas que acontecem entre a 4° a 12ª semanas da gestação do paciente, período em que as suturas da face estão se formando. Como dissemos, são condições mais comuns do que imaginamos e podem ser tratadas.

Lábio Leporino é uma anomalia conhecida por causar fendas nos lábios dos bebês. Podem acontecer em localizações diversas, com tamanho diferentes ou até mesmo formar mais de uma fenda no paciente.

Essa condição costuma ser mais simples do que as fissuras no palato que, por ser no céu da boca, essas fendas são mais complexas. Também podem aparecer em diferentes locais da região bucal, com tamanhos e espessuras diferenciadas.

Cada caso é um caso e por isso, o tratamento também se difere a cada paciente. As fissuras labiopalatinas se dão quando essas duas condições acometem ao mesmo tempo. Ou seja, a criança nasce com aberturas tanto no céu da boca, quanto nos lábios. São deformidades mais complexas e que exigem cuidados ainda mais especiais. Ainda sim, são tratáveis e com os procedimentos corretos podem reabilitar o paciente.

Como as anomalias se formam?

Nas primeiras semanas de gestação, algumas suturas da face estão separadas para proporcionar espaço para o desenvolvimento do bebê. Ao longo dos meses de gravidez, essas suturas se unem ocasionando a formação normal do rosto da criança.

Quando o paciente nasce com fissuras, significa que por algum motivo, este processo de união das suturas não aconteceu de forma correta e elas permanecem abertas.

Por isso, lábio leporino e fissuras palatinas são aberturas nessas regiões. As causas são multifatoriais, como carência de ácido fólico, consumo de drogas ou  álcool na gravidez, exposição à radiação ou doenças infecciosas na gestação, entre outras.

São alguns dos fatores que combinados com uma predisposição genética ocasionam essas anomalias.

Tratamento e fissuras labiopalatinas e como é o pós operatório

O tratamento para essas fissuras labiopalatinas é multidisciplinar. Isso significa que é preciso de diversas áreas médicas para recuperar o paciente nestes casos. Como vimos acima, essas anomalias acontecem na região bucal, o que afeta diversas funções e aspectos do bebê.

Antes de outras informações, é importante destacar que fissuras labiopalatinas são condições isoladas na região da boca. Então, não afetam o sistema neurológico e a inteligência dos pacientes.

Essa é uma preocupação bastante grande dos pais e por isso, vale o esclarecimento. Ainda sim, são casos complexos e o tratamento dessas deformidades é longo.

O acompanhamento médico deve ser feito até os 18 anos de vida do paciente. São cirurgiões plásticos, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, psicopedagogos, psicólogos, ortodontistas, odontopediatras, entre outros profissionais que reabilitam as funções do paciente.

A fala pode ser afetada, por exemplo, e a criança pode falar com a voz anasalada. Desta forma, terá um tratamento para recuperar a fala do paciente. Apesar do longo período, o principal ponto desta recuperação são as cirurgias reparadoras.

Cirurgias reparadoras fissuras labiopalatinas

O procedimento cirúrgico de reconstrução do lábio é realizado a partir dos três meses de vida, desde que o paciente esteja com pelo menos 5 quilos de peso para a realização da operação.

Já em casos de fissuras no palato, a cirurgia é realizada a partir dos 12 meses de vida e quando o paciente já estiver com pelo menos 10 quilos de peso. São intervenções invasivas, e o tempo operatório é de aproximadamente 2h, podendo variar para mais ou para menos.

As cirurgias para união das suturas são feitas sob anestesia geral, dado que requer precisão e cautela por parte do médico. 

Todo caso é diferente, mas ainda sim, é comum que o paciente tenha alta no mesmo dia para continuar os cuidados e tratamento em casa.

Como é o pós operatório?

De fato, são procedimentos delicados que acometem o bebê ainda muito novo. Por isso, os cuidados dos pais é mais do que essencial para uma recuperação tranquila e sem maiores transtornos.

Para amenizar possíveis desconfortos, o médico responsável pelo caso receitará alguns medicamentos. Em algumas situações é recomendado imobilizar os braços do bebê nos primeiros dias para que ele não fique colocando a mão no rosto.

Essa medida geralmente é feita para bebês com poucos meses de vida. A questão da amamentação deve ser conversada com os médicos. Em muitos casos, ela será realizada por colher, copinho ou mamadeiras especiais que o bico tem formato de colher e é feito de silicone.

Comidas sólidas devem ser cortadas até segunda ordem, preferindo opções pastosas ou líquidas. Após alguns dias, é possível que a amamentação já possa voltar.

Pode ser feito algumas massagens para ajudar a cicatrizar melhor. Entretanto, todas as medidas devem ser recomendadas pelos médicos do paciente.