Os traumas de face representam uma preocupação significativa em saúde pública, afetando diversas faixas etárias e podendo ter consequências devastadoras se não tratados adequadamente. Tais lesões, sejam elas provocadas intencionalmente ou resultantes de acidentes, são responsáveis por uma parcela considerável das admissões em serviços de emergência em todo o mundo. 

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as lesões em cabeça e face podem representar metade das mortes traumáticas, tornando evidente a gravidade desse problema de saúde global. Compreender a natureza desses traumas é fundamental para fornecer intervenções adequadas e eficazes.

Fratura nasal 

Um dos sintomas mais característicos de uma fratura nasal é o sangramento abundante. Em alguns casos, pode ser necessário realizar um tamponamento nasal anterior para conter o sangramento. Esse procedimento, feito com gaze, ajuda a estancar o sangue temporariamente até que o paciente seja avaliado por um cirurgião  crânio-maxilo-facial ou um cirurgião plástico. Especialmente se houver suspeita de outras fraturas no rosto além da nasal, ou se o trauma estiver restrito apenas ao nariz, a avaliação médica é essencial para determinar o tratamento adequado.

É importante destacar que o tamponamento nasal não deve permanecer por mais de 24 horas sem que o paciente seja reavaliado. Após estabilizar o paciente, é recomendado encaminhá-lo para o ambulatório do cirurgião bucomaxilofacial para receber um tratamento definitivo para esse tipo de fratura. Uma abordagem multidisciplinar e especializada é fundamental para garantir a recuperação eficaz e segura do paciente, restaurando a função e a estética do nariz após a fratura.

Fratura alvéolo-dentária 

A fratura alvéolo-dentária é um problema que envolve a quebra dos ossos alveolares que sustentam os dentes. Essas fraturas não apenas comprometem a estabilidade dental, mas também podem afetar os tecidos moles ao redor, causando abrasões, contusões e lacerações. É importante avaliar esses tecidos quanto à presença de corpos estranhos e, se necessário, limpar e suturar as lesões, especialmente nos lábios e no tecido gengival.

Além disso, é fundamental acompanhar os dentes afetados para determinar se será necessário tratamento endodôntico no futuro. Nesse sentido, o paciente deve permanecer sob os cuidados do cirurgião-dentista para garantir o tratamento adequado e prevenir complicações

Fratura de mandíbula:

Quando falamos de fratura de mandíbula, estamos lidando com uma lesão que afeta os ossos que compõem essa estrutura facial essencial. Dependendo da gravidade da fratura, ela pode resultar em dificuldades variadas, como problemas na fala, na mastigação e até mesmo na respiração.

As classificações dessas fraturas são baseadas na localização anatômica do traço de fratura, que pode ocorrer no corpo da mandíbula, na região da sínfise mandibular, na região parassinfisária, no ângulo mandibular, no ramo mandibular, no processo coronóide ou no côndilo mandibular.

Além disso, as fraturas podem ser categorizadas em:

  • Unilaterais ou bilaterais, dependendo se afetam apenas um lado ou ambos os lados da mandíbula.
  • Simples, quando apresentam apenas um traço de fratura, ou cominutivas, quando há diversos fragmentos ósseos.
  • Favoráveis, quando não há deslocamento dos fragmentos pelos músculos adjacentes.
  • Desfavoráveis, quando os músculos causam o deslocamento dos fragmentos ósseos, o que pode complicar o processo de cicatrização e recuperação.

Compreender a natureza e a classificação das fraturas de mandíbula possibilita um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado, visando uma recuperação eficaz e a prevenção de complicações a longo prazo.

Fratura do terço médio da face

Quando falamos de fratura do terço médio da face, estamos nos referindo a lesões que envolvem ossos cruciais, como os zigomáticos, maxilares e orbitais. Essas fraturas podem ser particularmente graves devido à sua proximidade com estruturas vitais, como os olhos e o cérebro, exigindo uma abordagem cuidadosa e especializada.

As fraturas no terço médio da face podem abranger uma variedade de ossos, incluindo a maxila, o zigoma e os ossos nasais. Essas lesões podem ocorrer isoladamente ou em combinação, resultando em diferentes tipos de fraturas, como Le Fort I, Le Fort II, Le Fort III, fraturas do complexo naso-etmoido-orbitário, fraturas do complexo zigomático-maxilar e fraturas do arco zigomático

Avaliação Inicial e Estabilização do Paciente com Trauma de Face

Logo após um trauma facial, a primeira avaliação é crucial para entender a gravidade das lesões e determinar as intervenções prioritárias. Isso inclui uma rápida análise da via aérea, respiração e circulação (ABC), seguida por uma avaliação detalhada da face, onde observamos visualmente e tocamos cuidadosamente os ossos faciais.

Para estabilizar o quadro clínico, algumas ações imediatas podem ser tomadas:

Contenção temporária: O uso de talas ou bandagens simples pode ajudar a estabilizar fraturas e reduzir o risco de complicações adicionais.

Encaminhamento para tratamento especializado: É importante que o paciente procure um especialista em cirurgia maxilofacial para uma avaliação e tratamento adequados.

Manejo da dor: Utilização de analgésicos com recomendação médica para alívio do desconforto e enquanto aguarda intervenções adicionais.

Uma abordagem coordenada e multidisciplinar é fundamental para garantir o melhor resultado possível para pacientes com traumas faciais. Ao oferecer cuidados urgentes e específicos, podemos minimizar o impacto dessas lesões e ajudar os pacientes a se recuperarem.