Em muitos casos, o tratamento e a reabilitação craniofacial de crianças do Sobrapar exigem tempo de recuperação, por isso, o afastamento da escola e da convivência social é quase inevitável. Isso impacta significativamente a vida dos pacientes que nasceram com deformidades de crânio e face, já que os afastam do círculo social e de suas atividades escolares.
O objetivo do Projeto A Escola no Hospital é evitar a defasagem nos estudos, bem como melhorar e estimular o processo de inserção na sociedade como cidadãos ativos e participativos. Não se trata somente de um projeto de reinserção, mas também de inclusão e garantias de direito.
Como o Projeto Escola pode ajudar as crianças com deformidades de crânio e face
Fruto da parceria com a Fundação Prada, o Hospital Sobrapar atende cerca de 120 pacientes com deformidades craniofaciais por ano.
Por meio de uma avaliação psicopedagógica, os profissionais de saúde identificam as principais dificuldades de cada criança de 6 a 18 anos. Os testes são padronizados, validados e verificam necessidades, dificuldades e anseios. O principal objetivo das atividades é melhorar o desempenho escolar e, com base em feedbacks recebidos dos familiares, muitos já evoluíram em matérias como português e matemática.
Yasmin, 14 anos, é uma de nossas alunas no projeto A Escola. A pequena nasceu com fissura lábio palatina e está conosco desde o começo de 2023. De acordo com seu pai, Sidnei Pigozzi da Rocha, “Esse apoio complementar tem ajudado muito […]. Yasmin progrediu também na elaboração da redação. Ficamos felizes ao ver que ela tem percebido o quanto é capaz de ir além do que imaginava na escola’’.
Método de ensino do projeto melhora o desempenho dos pacientes
Todos podem aprender e, às vezes, basta mudar a maneira de ensinar.
Na escola, os pacientes com anomalias craniofaciais têm seu aprendizado estimulado por meio de jogos e atividades que incentivam a escrita, a leitura, o pensamento-lógico e a criatividade. Também favorecem a aquisição de estruturas cognitivas, aumentando a concentração e o foco dos pequenos. Tudo isso é feito dentro do Hospital e os familiares levam atividades para casa, quando necessário.
Criamos relatórios e buscamos dar apoio aos parentes quando demandas escolares surgem, além de entrar em contato com o colégio e garantir que todos os direitos das crianças sejam preservados e atendidos.
O tratamento para pacientes com deformidades de crânio e face é longo e constante. Mesmo com o sucesso em cirurgias plásticas, o acompanhamento com uma equipe médica multidisciplinar ainda é necessário. Se podemos fazer com que a reabilitação seja mais humanizada e dinâmica possível, por que não investir? Conforme pontuou Raquel Urvaneja, coordenadora e psicopedagoga do projeto:
“Quando um paciente consegue participar de um jogo, evoluir numa atividade e é reconhecido por seus progressos, percebe que é capaz e isso o incentiva a não desistir”.