Crianças com fissuras labiopalatinas têm a audição prejudicada?

A grande preocupação dos pais de bebês com fissuras labiopalatinas é como estas anomalias congênitas podem afetar a vida deles. Essas fendas podem ocasionar uma série de complicações no desenvolvimento dos pacientes. 

Por isso, após o diagnóstico dessas aberturas, que pode ser feito ainda durante a gravidez, é comum que os responsáveis pela criança iniciem a busca por possíveis tratamentos e informações sobre como será o dia-a-dia após seu nascimento.

Nesta pesquisa, é possível encontrar diversas informações importantes. Entretanto, por ser uma anomalia bastante conhecida, tem muitos mitos sobre as fissuras nos lábios e palato.

Tendo isso em vista, este conteúdo esclarecerá algumas dúvidas e afirmações equivocadas sobre essas deformidades e seus efeitos negativos. A primeira delas será sobre as questões psicológicas causadas pelas fissuras.

É verdade que durante o tratamento, o paciente passará por um acompanhamento com psicólogos e psicopedagogos. Claro que cada caso é diferente, entretanto, esse apoio se faz importante para que as crianças saibam lidar com o tratamento, que será longo, podendo se prolongar até os 18 anos de idade do paciente.

O mito que será desvendado é: fissuras labiopalatinas afetam o desenvolvimento mental das crianças. A fissura labiopalatina isolada não altera o desenvolvimento neuro-psico-motor da criança, mas existem algumas síndromes que incluem as fissuras e podem sim trazer alterações neurológicas.

A seguinte questão é sobre a audição. Fissuras labiopalatinas afetam ou não o ouvido das crianças? Essa pergunta é mais complexa de ser respondida, por isso detalharemos ao longo do conteúdo.

A princípio, pode sim afetar. Não é uma regra, mas em alguns casos acontece. Entenda a seguir o que são fissuras labiopalatinas e quais são os possíveis efeitos negativos dessas anomalias congênitas na audição. Acompanhe.

O que são fissuras labiopalatinas?

Para compreender como o indivíduo é afetado pelas fissuras na face, é importante saber o que são essas fendas e como se formam. 

Então, os efeitos negativos que citaremos ao longo do texto podem ser recuperados ou melhorados após o tratamento. O acompanhamento médico nesses casos é longo e conta com o apoio de diversos profissionais.

Sobre o tratamento, explicaremos a frente. Agora, saiba o que de fato são as fissuras labiopalatinas e como são diagnosticadas.

Como essas fendas no lábio e palato são formadas?

Fissuras labiopalatinas são aberturas nos lábios, céu da boca ou ambos. São malformações que se desenvolvem no período embrionário do bebê. Ou seja, é uma anomalia congênita e a criança já nasce com as fendas.

Durante as primeiras semanas de gestação, algumas suturas e articulações estão separadas no rosto do bebê para proporcionar um desenvolvimento correto de outras regiões. Ao longo da gravidez, essas suturas se unem, formando uma face normal.

Quando essa união não acontece, as articulações permanecem abertas e assim ficam até o nascimento da criança. Caso isso aconteça, apenas cirurgias reparadoras conseguem juntá-las novamente e reabilitar o paciente.

As causas podem ser diversas, desde predisposição genética, até mesmo maus hábitos da mãe durante a gravidez – consumo de álcool, tabaco, exposição à radiação, alterações hormonais, entre outras situações.

O diagnóstico dessas fissuras pode ser feito ainda durante a gravidez pelo exame ultrassom morfológico. Geralmente, os médicos pedem este exame a partir da 22° semana da gestação.

Após esse diagnóstico, os responsáveis pela criança são encaminhados a profissionais qualificados que darão as próximas orientações.

Afeta a audição da criança?

Como dissemos, cada caso é diferente. Entretanto, pode sim acontecer de essas fissuras afetarem alguns aspectos funcionais do paciente, como as funções orofaciais, bucais, articulatórios, estéticos e da audição também.

Nesses casos, a criança nasce surda? Não. O que pode acontecer é ter  problemas auditivos, como otites médias de repetição e disfunções da tuba auditiva que consequentemente podem afetar o processamento auditivo.

Caso os pais desconfiem que o paciente teve a audição afetada, é possível confirmar com os exames de audiometria tonal e vocal e medidas de imitância acústica.

É uma questão muito importante, porque a audição pode afetar diversas áreas da vida, como a social e a fala. É um elo entre a pessoa e o ambiente e muitas vezes, os bebês aprendem a falar ouvindo os outros falando.

O tratamento dessas fissuras é longo e multidisciplinar, tendo o apoio das mais diversas áreas médicas, como  cirurgiões plásticos e cirurgiões craniofaciais, ortodontistas, odontopediatras, otorrinolaringologista, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e assistentes sociais.

Todos estes profissionais visam a reabilitação completa da paciente, cada um na sua área. Desta forma, os resultados são muito satisfatórios, podendo reverter diversas condições.

O tratamento se inicia com a cirurgia reparadora, que fechará a fenda. Após esse procedimento, é iniciado um longo acompanhamento com médicos dessas diferentes áreas – e o tratamento pode durar até os 18 anos de vida do paciente.