Quais profissionais atuam no tratamento de crianças com fissuras faciais?
Os pacientes com fissuras faciais, sejam elas congênitas ou adquiridas, requerem um tratamento multidisciplinar. Ou seja, diversas áreas médicas prestam apoio e atuam na reabilitação funcional e estética dessas crianças. Felizmente, com os procedimentos e acompanhamento médico correto, os resultados são satisfatórios.
Independentemente do tipo de fissura, localização, espessura e tamanho, todos os fissurados precisam passar por este tratamento abrangente e longo – já que o acompanhamento médico deve ser feito até os 18 anos de vida do paciente.
A primeira fase dessa abordagem é a cirurgia, que dependendo do caso, pode ser feita ainda nos primeiros meses de vida do bebê. Este procedimento é necessário para fechar as fissuras. Por eliminar a anomalia estética, muitos acreditam que apenas esse passo basta.
Entretanto, essas deformidades congênitas afetam diversas funções da criança. Por exemplo, as fissuras labiopalatinas dificultam a fala, amamentação, sucção, mastigação e diversas outras funcionalidades bucais.
O acompanhamento por profissionais de diferentes áreas auxilia na recuperação dessas condições. O acompanhamento da área de fonoaudiologia, por exemplo, buscará a recuperação e desenvolvimento da fala da criança, sem deixá-la fanha e com voz anasalada.
Esta é apenas uma das situações de como apenas a cirurgia, apesar de muito importante, não basta no tratamento de fissuras faciais. Tendo isso em vista, a importância do apoio multidisciplinar fica evidente.
A seguir explicaremos quais as áreas médicas estão presentes no tratamento de fissuras faciais e a importância delas na reabilitação total de cada paciente. Antes, entenda o que são essas fissuras e os principais tipos dessas deformidades.
O que são fissuras faciais?
Fissuras ou fendas faciais são aberturas visíveis na face. Para entender melhor , é preciso saber mais sobre o processo de formação e desenvolvimento do bebê na gestação.
Quando a face é formada, várias estruturas permanecem separadas para facilitar o desenvolvimento do feto e se movimentam conforme as semanas de gravidez passam.
Geralmente, as estruturas centrais se formam primeiro, como a estrutura entre os olhos, nariz e outras regiões da face. Depois, os outros tecidos e suturas se movimentam e vão ao encontro a esta porção central, unindo todas as regiões faciais.
Um bebê nasce fissurado quando houve algum problema em sua formação e os tecidos não se uniram e permaneceram separados – o que proporciona as fendas faciais. Então, é uma condição de malformação que pode ocorrer por diferentes origens e causas. As motivações ainda não são comprovadas, mas ao que tudo indica essas fissuras se dão por uma predisposição genética combinada a hábitos ruins da mãe durante a gestação.
Tipos de fissuras faciais
Como dissemos, existem vários tipos dessas fissuras, algumas mais raras que outras. As mais comuns são o lábio leporino e a fenda palatina, condições que afetam uma em cada 650 crianças no país. A incidência é maior, dessa forma são mais conhecidas. São fendas nos lábios e/ou céu da boca.
Já as fissuras raras de face, como o próprio nome indica, são menos recorrentes. A incidência é de uma criança para 100 mil nascimentos no Brasil. As fendas podem acontecer em diferentes áreas do rosto podendo ser unilaterais ou bilaterais.
Fissuras de diferentes conformações podem estar presentes em lados opostos da mesma face do paciente.
Tratamento multidisciplinar para fissuras faciais
As crianças com fissuras faciais, independentemente do tipo de fenda, recebem apoio multidisciplinar, com cirurgiões plásticos e craniofaciais, ortodontistas, dentistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, intensivistas, otorrinolaringologistas, neurocirurgiões, psicólogos, entre outros profissionais.
Cirurgiões na reabilitação de fissuras faciais
São diversos profissionais atuando na reabilitação desses pacientes. Fica evidente a importância de algumas áreas, como os cirurgiões, dado que a cirurgia reparadora é fundamental neste processo.
Esses profissionais têm a responsabilidade de fechar as fendas. É um procedimento delicado e dependendo da situação pode ser complexo, mas, em geral, os resultados são ótimos.
Apoio de dentistas e ortodontistas no tratamento de fendas faciais
Dentistas e ortodontistas são muito importantes. Algumas fissuras afetam a região bucal, arcada dentária e crescimento normal dos dentes. O trabalho desses profissionais se inicia antes mesmo das cirurgias. O apoio destes profissionais é fundamental também, porque, há agenesia (ausência) do dente incisivo lateral quando a fissura acomete a gengiva.
Isso porque a higienização dessa região é fundamental para a intervenção cirúrgica. Caso alguma cárie cresça no local, não será possível operar a criança e o restante do tratamento fica pendente.
Então a higienização é de extrema importância. Após a cirurgia, os cuidados com o crescimento dos dentes e formação da arcada dentária se iniciam também. Em alguns casos, é preciso que os profissionais desta área participem também da intervenção.
Psicólogos, psicopedagogos, assistência social e outras áreas
Muito importante, é a psicologia, já que a saúde mental das crianças também pode ser afetada nestes casos. No período preparatório para cirurgias e no apoio para a integração social são alguns exemplos de momentos nos quais estes profissionais são indispensáveis.
A psicopedagogia, por sua vez, oferece suporte para os casos em que a fissura afeta o desenvolvimento cognitivo da criança. É raro que isso aconteça, mas, ainda assim, pode ser uma sequela de fendas raras de face.
Outra área fundamental é a assistência social, porque, são estes profissionais que fazem contato com as famílias com o hospital e auxiliam no acompanhamento necessário ao longo do tratamento, sendo fundamentais no apoio às famílias e aos próprios pacientes.
Essas deformidades afetam diferentes áreas e funções do corpo, por isso, cada área age na tentativa de devolver o bem-estar e saúde ao paciente.