Cirurgia da Cranioestenose: materiais absorvíveis podem ser utilizados

Caracterizada pelo fechamento precoce das suturas cranianas que são chamadas popularmente de “moleira”, a cranioestenose é uma anomalia craniofacial que afeta aproximadamente uma em cada duas mil crianças nascidas. Com consequências de risco à vida e ao desenvolvimento geral do bebê, caso não seja realizada na idade adequada, a cirurgia de cranioestenose tem como principal objetivo permitir que o crescimento do cérebro não seja afetado pela falta de espaço no crânio. Além de diferentes técnicas descobertas para o manejo da cranioestenose, com o passar do tempo e os avanços nos estudos, a área de pesquisa médica também evoluiu no que tange ao uso de novos materiais para a realização das cirurgias, inclusive com o uso dos materiais absorvíveis. Conheça um pouco mais a respeito.

A cirurgia de craniossinostose, como também é chamada, consiste na atuação do cirurgião realizando os cortes no osso para permitir uma nova “modelagem” intra-operatória do crânio do bebê. Depois, o neurocirurgião e a equipe atuante, que é composta por outros profissionais, como o crânio-maxilo facial, colocam o crânio na forma desejada, fixando os fragmentos ósseos, geralmente, com placas e parafusos absorvíveis. Alternativamente ao uso dos materiais absorvíveis, as fixações são realizadas com a interposição de fragmentos ósseos fixados com fios de aço ou fios de sutura para a manutenção do espaço criado após o avanço da barra orbitária.

É importante salientar que, apesar dos avanços do Sistema Único de Saúde, o SUS ainda não fornece materiais absorvíveis para serem realizados em cirurgias de cranioestenose.

De forma geral, a utilização de tais materiais absorvíveis em operações começou em 1970, em cirurgias maxilofaciais, na Finlândia. Apesar dos resultados iniciais serem desafiadores, e alguns dos casos terem evoluído no pós-operatório com reações inflamatórias, com um pouco mais de estudo e persistência, os materiais absorvíveis provaram sua eficácia. Em sua maioria, atualmente, os materiais absorvíveis utilizados são compostos de uma combinação do copolímero de ácido poliláctico (PLA), isômero (PDLLA) e de ácido poliglicólico (PGA) e possuem o tempo de absorção total de 12 a 18 meses, podendo estender-se até 24 meses.

Hoje já se sabe que a utilização de materiais como este não está relacionada com reações inflamatórias e não exerce interferência nos padrões de crescimento do esqueleto craniofacial. Além disso, o uso dos materiais absorvíveis evitam a necessidade de reintervenções cirúrgicas para remoção de implante. Esses itens são resistentes o bastante para estabilizarem os fragmentos ósseos até que a cicatrização atinja seu ponto máximo, e só então sejam absorvidos de forma completa.

Técnica tradicional também é eficaz e cuidados no pós-operatório são indispensáveis

O uso dos materiais absorvíveis é tão eficaz quanto os métodos tradicionais existentes e já consagrados  e neste sentido, é preciso lembrar que, independente do tipo de metodologia a ser utilizada, os cuidados no pós-operatório de uma cirurgia de cranioestenose continuam os mesmos:

– Ingestão adequada de líquido
– Dieta rica em nutrientes
– O paciente deve evitar situações que possam causar quedas ou batidas na cabeça
– Deve-se efetuar a limpeza local de acordo com as orientações médicas

Caso perceba qualquer tipo de alteração no formato da cabeça do seu filho, procure imediatamente um especialista para avaliação.