Impactos da Sindactilia na vida escolar

A sindactilia é uma anomalia congênita em que há fusão dos tecidos moles, ossos, ou de ambos nos dedos dos pés e/ou das mãos. O quadro se desenvolve na vida intra-uterina, entre a sexta e a oitava semana de gravide e assim como nos casos de fissuras labiopalatinas, pode ser identificado no ultrassom.

Justamente por acometer as mãos, a sindactilia pode ser um dificultador no desempenho escolar, além disso, pode estar associada com outras doenças, que exijam o afastamento constante da escola. Mas não só isso, uma pesquisa recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou os desafios que essas crianças enfrentam.

De acordo com relatório da UNICEF, divulgado em 2021, existem 240 milhões de crianças com deficiência em todo o mundo. Mesmo com o alto número, elas ainda têm desvantagens em comparação com crianças sem deficiências na maioria das medidas de bem-estar infantil, pois enfrentam desafios múltiplos e muitas vezes complexos na realização de seus direitos.

Comparando com as crianças sem deficiência, crianças com deficiência têm:

  • 42% menos probabilidade de ter habilidades básicas de leitura e numeramento;
  • 49% mais probabilidade de nunca ter frequentado a escola;
  • 47% mais probabilidade de estar fora do ensino fundamental I;
  • 33% mais probabilidade de estar fora do ensino fundamental II e 27% mais probabilidade de estar fora do ensino médio;
  • 41% mais probabilidade de se sentir discriminadas.

Consequências da Sindactilia

A sindactilia acarreta problemas de natureza estética e funcional, e pode causar importante impacto no crescimento e na interação social da criança.

Apesar de poder ocorrer de forma isolada, este defeito congênito também pode ser encontrado em conjunto com anomalias de crânio e face, uma cranioestenose sindrômica, como a Síndrome de Apert, por exemplo.

A Síndrome de Apert é uma desordem genética que provoca desenvolvimento anormal na caixa craniana.

O tratamento da Sindactilia consiste no procedimento cirúrgico para a separação dos dedos, em casos de dedos oponentes (polegar/ dedo indicador ou anel/ pequenos dedos). Quando feito em idade precoce, a cirurgia evita que o dedo maior faça uma curva sobre o dedo menor com o crescimento.

Em casos que há junção dos dedos dos pés, dificilmente é feita a separação, a menos que exista a necessidade de auxílio na marcha para o desenvolvimento do andar.

Embora nem todo quadro de sindactilia esteja associado a síndromes e apresente comprometimento neurológico, é inegável que as crianças portadoras de sindactilia são, muitas vezes, marginalizadas no ambiente escolar.

Seja pela ausência frequente para realização de tratamentos ou recuperação de cirurgias, por bullying ou pela falta de inclusão, esse público apresenta maior vulnerabilidade no processo de aprendizagem. Pensando nisso, o Hospital Sobrapar desenvolveu o projeto “A Escola No Hospital”, que estimula o contato dos alunos com a escola e com os conteúdos acadêmicos, além de oferecer apoio através de consultas com fonoaudióloga, psicóloga e psicopedagoga.