Setembro Amarelo é um mês de conscientização sobre a importância da saúde mental e, neste contexto, nós do Hospital Sobrapar, acreditamos que é essencial direcionar nossa atenção para um assunto muitas vezes negligenciado: a depressão infantil.
Embora seja difícil imaginar que as crianças possam enfrentar esse tipo de desafio emocional, a depressão infantil é uma realidade preocupante que merece nossa atenção e compreensão. Aqui no Hospital, as crianças que passam por tratamento de anomalias craniofaciais recebem atenção psicológica, assim como suas famílias, pois sabemos que esse momento de tratamento e recuperação podem ser desafiadores. Não raramente, as crianças estão sujeitas a desenvolverem quadros de depressão e ansiedade. Continue lendo e descubra um pouco mais sobre esse assunto.
A Realidade da Depressão Infantil no Mundo e no Brasil
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a depressão afeta pessoas de todas as idades, incluindo crianças. Estima-se que cerca de 3% das crianças com idades entre 6 e 12 anos e 5% dos adolescentes de 13 a 18 anos sofram de depressão em todo o mundo¹. No Brasil, nos últimos 4 anos, na faixa etária de 15 a 29 anos, o crescimento de atendimentos ambulatoriais e internações no Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados à depressão foi de 115%, segundo um levantamento do Ministério da Saúde.
Sinais de alerta
Os pais desempenham um papel fundamental na identificação precoce da depressão infantil. Ficar atento a mudanças no comportamento e no humor de seus filhos pode ser crucial para oferecer o apoio necessário. Alguns sinais de alerta incluem:
Mudanças de Comportamento: Se a criança passar a evitar atividades que antes eram prazerosas, apresentar isolamento social, irritabilidade constante, ou manifestar sentimentos de tristeza profunda, é hora de prestar atenção.
Alterações no sono e apetite: Dificuldades para dormir ou excesso de sono, bem como mudanças nos hábitos alimentares, podem ser indicadores de problemas emocionais.
Desempenho Escolar: Quedas acentuadas no desempenho escolar, falta de interesse pelos estudos e dificuldades de concentração podem ser reflexos da depressão.
Fatores de Risco e Influências na Depressão Infantil
Várias questões sociais e culturais podem contribuir para o desenvolvimento da depressão em crianças. O bullying escolar, por exemplo, é uma preocupação crescente. Segundo a pesquisa da UNESCO, mais de um em cada três estudantes em todo o mundo foi vítima de bullying². A pressão por um alto desempenho acadêmico também pode ser estressante para muitas crianças, levando à exaustão emocional.
Crianças com deformidades craniofaciais, por sua vez, enfrentam desafios emocionais únicos devido ao estigma social e às dificuldades físicas. Os pacientes com anomalias como fendas labiopalatinas, ou anomalias de crânio e face adquiridas, têm maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, incluindo a depressão. Nesses casos, o apoio emocional e psicológico é fundamental, tanto da família quanto de profissionais de saúde especializados.
Diante de qualquer suspeita de depressão infantil, é crucial que os pais mantenham uma comunicação aberta e amorosa com seus filhos. Além disso, buscar ajuda profissional é essencial para um diagnóstico correto e um plano de tratamento adequado. Psicólogos infantis, psiquiatras e outros especialistas podem oferecer orientações específicas para lidar com a depressão infantil.
A depressão infantil é uma realidade que não pode ser ignorada. Ao observar atentamente os sinais de alerta e agir com empatia e apoio, os pais podem desempenhar um papel fundamental na promoção da saúde mental de seus filhos. O Setembro Amarelo é um motivador para garantir um futuro emocionalmente saudável para nossas crianças.
Fontes:
¹OMS. “Depressão e outros transtornos mentais comuns: estimativas globais de saúde.” (2017)
² UNESCO. “Por trás dos números: acabando com a violência escolar e o bullying.” (2019)