Mais de 300 profissionais de saúde e 25 convidados internacionais participaram do XI Congresso Brasileiro de Fissuras Lábio Palatinas e Anomalias Craniofaciais, organizado pelo o Hospital Sobrapar Crânio e Face para comemorar seus 40 anos de atividades em 2019. O evento da Associação Brasileira de Fissuras Lábio Palatinas (ABFLP), referência no setor, reuniu importantes profissionais do Brasil e do mundo para compartilhar experiências nas diversas especialidades que envolvem os tratamentos das fissuras e anomalias craniofaciais, como a cirurgia plástica, cirurgia crânio-maxilo-facial, ortodontia e odontologia, fonoaudiologia, otorrinolaringologia, psicologia e serviço social.

O congresso trouxe, entre os destaques, convidados norte-americanos como o médico Henry Kawamoto, de 82 anos de idade, que se aposentou recentemente, e é considerado um dos principais nomes da cirurgia plástica e craniofacial do mundo. Kawamoto e o fundador do Sobrapar, Dr Cassio Raposo do Amaral, eram amigos e aproximaram-se ainda jovens. Durante o Congresso, o norte-americano homenageou Dr. Cassio como o cirurgião que iniciou o tratamento multidisciplinar de fissuras e anomalias craniofaciais no Brasil em 1979, com a fundação do Hospital Sobrapar.

Já o cirurgião plástico James Bradley ressaltou que a comemoração dos 40 anos do Sobrapar é a celebração da paixão. “O cirurgião plástico Cassio Eduardo Raposo do Amaral continua a tradição de seu pai ao receber e das as boas vindas aos convidados internacionais e brasileiros. Com dra Vera Raposo e o irmão César Augusto, também cirurgião plástico, vemos a paixão em tratar as pessoas que tanto nos emociona.

Eric Hubli, membro do board do Smile Train, abordou o tema “Transformando o mundo com um sorriso de cada vez” em sua conferência. Ao relembrar a trajetória do chinês Charles Wang, fundador do Smile Train, um gênio da computação que, em 1999, optou por criar a instituição, Hubli destacou que legado não é o que se deixa para trás, mas sim o fato pelo qual o mundo irá se lembrar de alguém. Estima-se que, anualmente, 200 mil crianças nasçam com fissuras lábio palatinas. “Se tratarmos essas 200 mil crianças, oferecendo-lhes possibilidades de crescimento social e econômico, definiremos o que é legado. Entrei no final do ano 2000 no Smile Train. Hoje estamos em 90 países, com 2.000 profissionais e 1,5 milhão de pacientes tratados. Comemoramos 20 anos. E o mais importante é que fizemos pelas crianças e seus familiares nesse período”.

“Síndromes genéticas e malformações craniofaciais – o que todos deveriam saber” foi o tema da conferência de Alexandre Vieira, diretor de Pesquisa Clínica no Departamento de Biologia Oral da Faculdade de Odontologia na Universidade de Pittsburgh, que abordou o risco aumentado para o câncer observado em pacientes fissurados e seus familiares. Carioca, dentista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Vieira vive nos EUA há 20 anos e desde então tem a fissura lábio palatina no centro de suas pesquisas. Pacientes da Turquia, Letônia, Brasil e Índia foram estudados e, em seus próximos passos, o pesquisador buscará entender como a mutação genética aumenta o risco de câncer, quais os fatores de risco e assim tentar intervir no sentido de ampliar a longevidade e melhorar a qualidade de vida dos fissurados e familiares.

O tema reconstrução de orelhas foi discutido por vários cirurgiões plásticos e craniofaciais, entre eles os profissionais internacionais Maria Fernanda Valotta (Argentina) e Christopher Derderian (Estados Unidos), além do cirurgião plástico do Hospital Sobrapar, Cesar Augusto Raposo do Amaral, com técnicas utilizadas atualmente para a reconstrução de orelhas em portadores de microtia – uma anomalia congênita no pavilhão auricular, caracterizada por um mau posicionamento das estruturas anatômicas ou mesmo a ausência delas.

Mesas compostas por fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas nacionais e internacionais abordaram as desordens alimentares e as condutas sobre as alterações de audição e das vias aéreas. “O objetivo desses debates foi desenvolver um raciocínio funcional e interdisciplinar que favoreça a adoção de condutas assertivas. Participara, profissionais de muitos centros de reabilitação de pacientes do Brasil e de outros países, como os especialistas chilenos Karen Goldschmied (fonoaudióloga membro da Latin American Craniofacial Association – LATICFA) e Álvaro Pacheco (otorrino pediátrico, docente da Universidade do Chile). Isto já é um grande avanço nas discussões, pois cada um trará à luz suas vivências e realidades”, acredita Anelise Sabbag, fonoaudióloga do Hospital Sobrapar e mediadora de uma das mesas de debate.

Com saldo positivo diante da troca de experiências entre os profissionais, o Congresso foi finalizado pelo dr Cassio Eduardo Raposo do Amaral, que agradeceu aos presentes pela dedicação nos dois dias de evento e por compartilharem a alegria de comemorar 40 anos de atividades do Sobrapar.