A fissura labiopalatina, popularmente conhecida como lábio leporino, é o nome usado para definir um tipo de anomalia craniofacial congênita em crianças. A fenda labiopalatina acomete 1 a cada 650 bebês nascidos no país. É uma doença caracterizada pela abertura no lábio superior e com uma abertura no palato, conhecido como céu da boca. Por isso, o nome correto da condição não é lábio leporino, uma vez que nesse último caso, não há fenda presente no palato da boca. 

As consequências da fissura labial podem ser diversas na vida da criança, e vão além da aparência, como a insuficiência velofaríngea que afeta a fala, dificuldades na alimentação, entre outros desafios

O que são as fissuras labiopalatinas?

Para entender melhor esta anomalia de crânio e face, devemos voltar a atenção para a gestação da criança. 

Uma vez que as fendas palatinas estão presentes desde o nascimento da criança, essa condição pode ser estabelecida ainda no período embrionário, entre a 4ª e a 12ª semanas de gravidez. 

Tanto o lábio como o palato são formados por estruturas que, nas primeiras semanas de vida, estão separadas, mas devem se unir conforme seu desenvolvimento para que ocorra a formação habitual da face. Se, no entanto, esta fusão não acontecer, as estruturas permanecerão separadas, dando origem portanto às fissuras no lábio e/ou no palato.

O que causa  fissura labiopalatina?

As causas das fissuras labiopalatinas podem ser genéticas, ou seja, caso alguém da família tenha tido o mesmo quadro na infância, as chances são maiores de incidência. Somado à predisposição genética, os fatores teratogênicos e ambientais podem acelerar ainda mais o surgimento destas deformidades.

Os fatores ambientais podem ser nutricionais, com a falta de vitaminas e minerais, como também químicos consumo de drogas, fumo e álcool utilizados pela mãe do bebê durante a gravidez.

Diagnóstico da fenda labiopalatina

Felizmente, o diagnóstico da fenda labiopalatina pode ser feito ainda na gestação, através de um exame de ultrassom morfológico. 

A confirmação, pode vir a partir da 22ª semana, por volta de 5 meses e meio, também com um exame de imagem.

Após o diagnóstico pré-natal, a gestante será encaminhada para uma equipe especializada que lhe informará como pode ser feito o tratamento neonatal e como cada profissional promoverá a reabilitação funcional e da aparência do bebê.

Tratamento de fissuras labiopalatinas

Existem tratamentos para doenças como essa que promovem a reabilitação do paciente. Porém, é importante ressaltar que o tratamento para as fissuras lábio palatinas leva 18 anos e é feito com uma equipe médica multidisciplinar.

A primeira parte desta recuperação é feita pela cirurgia de reconstrução do lábio, que é realizada aos três meses de vida. Vale ressaltar que o paciente deve estar com pelo menos 5 quilos de peso para a realização deste procedimento. 

Já no caso do palato, a cirurgia é realizada a partir dos 12 meses de vida ou quando o paciente já estiver com pelo menos 10 quilos de peso. Durante o desenvolvimento da criança, são necessárias avaliações periódicas da fala e do crescimento.

No passado, o tratamento era realizado de diferentes maneiras, com o aumento posterior da faringe ou o retalho faríngeo. Porém, neste último, algumas complicações, como ronco e apnéia, podem ocorrer.  

O Hospital Sobrapar utiliza a técnica do retalho mio-mucoso do músculo bucinador, que devolve uma melhor anatomia aos pacientes e evita complicações. Nessa cirurgia, dois retalhos de músculo e mucosa das bochechas são levados ao céu da boca, alongando a porção mole do palato.

Pós-cirúrgico da fenda labiopalatina

O tratamento pós-cirúrgico fissura lábio-palatina dura cerca de 18 anos. Isso significa que, após os procedimentos e a cirurgia plástica para a melhora funcional estética, é necessário o acompanhamento da equipe médica ao longo dos anos para a continuação deste processo de reabilitação. 

Mesmo com a melhora da parte anatômica após a cirurgia, um tratamento extensivo interdisciplinar é necessário, especialmente com a fonoaudiologia. 

Depois do sucesso cirúrgico, é muito frequente que os pacientes que tinham fissura labial e de palato mantenham o mesmo padrão de voz – anasalada e fanha, como se ainda não tivesse sido feita a cirurgia reconstrutora do céu da boca. Nestes casos, a fonoterapia é essencial para reabilitar a fala, por meio de treinamentos específicos e orientações aos responsáveis e muitas vezes à escola.  Uma equipe de fonoaudiologia pode fazer com que o paciente comece a articular corretamente, reaprendendo a falar de forma compreensível e dentro dos padrões convencionais, sendo compreendido por todos.

Conheça o Hospital Sobrapar de Crânio e Face 

O tratamento do paciente com fenda lábio palatina no Hospital Sobrapar vai além da aparência. Visa a reabilitação de suas funções, como a fala, mastigação e deglutição, diagnóstico e tratamento dos problemas auditivos causados pela anomalia, promovendo o bem-estar do paciente no decorrer dos anos. 

Ainda conta com uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões plásticos e cirurgiões craniofaciais, ortodontistas, odontologistas, otorrinolaringologista, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e assistentes sociais.

Nossas especialidades, além das fissuras lábio palatinas são: anomalias crânio faciais (sindrômicas e não sindrômicas), fissuras raras de face, tumores, traumas de face e reconstrução da orelha. 

A nova técnica cirúrgica, usada pelo SOBRAPAR, venceu em 2016 o prêmio Ivo Pitanguy, concedido no 53º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em Fortaleza (CE), ao concorrer com mais de 500 trabalhos científicos.

Perguntas Frequentes Sobre Fissuras labiopalatinas

Após a cirurgia labiopalatina são necessários cuidados básicos como: não usar bicos, ou colocar a criança exposta em situações que possam causar impactos na face. A alimentação deve ser pastosa e a família recebe orientação do médico para higienização correta do local operado.

O tratamento para lábio leporino ou fenda labiopalatina  é  sempre cirúrgico, pois há possibilidade da fissura fechar sozinha. Após a operação, a criança é acompanhada por uma equipe multidisciplinar para reabilitação da fala, arcada dentária, entre outros cuidados.

Crianças que aprendem a falar antes que o céu da boca seja corrigido tentam compensar a fala anormal desenvolvendo mecanismos compensatórios e inapropriados. 

Quando a cirurgia é realizada em tempo correto e as orientações de fonoaudiologia são adequadas, a maioria das crianças desenvolve uma fala bastante próxima da normal. Porém, algumas crianças podem precisar de terapia para ajudá-los a “desaprender” alguns comportamentos de fala anormal que foram desenvolvidos para compensar a hipernasalidade causada pela fissura.

 A maioria das crianças portadoras de fissura palatina tem problemas com fluidos atrás da membrana do tímpano e/ou com infecções auditivas. Isto é porque a tuba de Eustáquio que liga a orelha média à boca não executa sua função de drenagem corretamente, permitindo o acúmulo de fluidos na orelha média. Este fluido é ambiente para a procriação de bactérias que causam infecções. Algumas vezes é necessária cirurgia para a colocação de tubos de drenagem nos tímpanos até a correção da fissura palatina.

Por causa da abertura no céu da boca, crianças com fissura palatina não podem impedir que o ar escape pelo nariz quando falam. Isto faz com que a voz saia anasalada ou “fanhosa”, dificultando a compreensão e a comunicação.

Crianças com fissuras palatinas podem ter dificuldade de alimentação. Por causa da comunicação entre a boca e o nariz, o bebê pode não conseguir ter uma sucção efetiva. Pressionar a bochecha ou tampar a fenda são medidas que não funcionam. Procure orientação de uma equipe médica especializada.

Se a fissura só envolve o lábio (e o palato for normal) a amamentação do bebê com fissura pode ser conseguida com êxito. Os pais podem tentar uma variedade de mamadeiras antes de achar a que atenda melhor ao seu bebê. Este acompanhamento e orientações são realizados pela fonoaudióloga e o monitoramento do ganho de peso e de nutrição deve ser feito por pediatras. Com a orientação e liberação do pediatra, podem ser oferecidos alimentos pastosos (papinhas salgadas e de frutas).

Lábio leporino e fissura labiopalatina são condições congênitas que afetam o desenvolvimento do lábio e/ou palato de um indivíduo. O lábio leporino é uma abertura no lábio superior, enquanto a fissura palatina é uma abertura no céu da boca. Ambas podem ocorrer isoladamente ou em combinação, resultando em uma fissura labiopalatina.